Especialistas contestam a campanha anti criptografia do governo britânico
A versão original foi publicada no site do Open Rights Group.
O Ministério do Interior do Reino Unido planeja forçar as empresas de tecnologia a remover as medidas de privacidade e segurança de serviços criptografados, como WhatsApp e Signal, como parte de sua Lei de Segurança Online (“Online Safety Bill”). Pior ainda, o Ministério do governo britânico lançou uma campanha alarmista desperdiçando centenas de milhares de libras com uma agência de publicidade de Londres para minar a confiança do público em uma ferramenta crítica de segurança digital para manter pessoas e empresas seguras no ambiente online.
Minar a criptografia tornaria nossas comunicações privadas inseguras, permitindo que terceiros e governos interceptassem conversas. Minar a criptografia colocaria em risco a segurança daqueles que mais precisam. Sobreviventes de abuso ou violência doméstica, incluindo crianças, precisam de comunicações seguras e confidenciais para falar com seus entes queridos e acessar as informações e o apoio de que precisam. Como Stephen Bonner, diretor executivo de tecnologia e inovação do Gabinete da Autoridade de Proteção de Dados do Reino Unido, ressaltou recentemente que a criptografia de ponta a ponta “fortalece a segurança online das crianças ao não permitir que criminosos e abusadores enviem conteúdo prejudicial ou acessem suas fotos ou localização”.
Safe Escape e LGBT Tech – duas organizações que representam e protegem grupos vulneráveis – enfatizam a importância vital das comunicações criptografadas vítimas de abuso doméstico e para pessoas LGBTQIAP+ em países onde enfrentam assédio, vitimização e até mesmo ameaças de morte. Longe de torná-los mais seguros, negar às pessoas em risco um espaço de comunicação confidencial as coloca em um risco ainda maior e às vezes mortal.
As políticas anti criptografia ameaçam o direito humano fundamental à liberdade de expressão. O comprometimento da criptografia prejudicaria o jornalismo investigativo que expõe a corrupção e a criminalidade. De acordo com o Centro de Jornalismo Investigativo, sem um meio de comunicação seguro, as fontes ficariam desprotegidas e as vítimas hesitariam em denunciar.
Ao contrário do que o Ministério do Interior afirma, os principais especialistas em cibersegurança concluem que mesmo a verificação de mensagens “cria sérios riscos de segurança e à privacidade para toda a sociedade, enquanto o auxílio que pode fornecer à aplicação da lei é, na melhor das hipóteses, problemática”. Os backdoors criam um ponto de entrada para que Estados, criminosos e terroristas tenham acesso a informações altamente confidenciais. O enfraquecimento da criptografia afeta negativamente a Internet global e significa que nossas mensagens privadas, informações bancárias confidenciais, fotografias pessoais e privacidade seriam prejudicadas. O chefe do MI6, Richard Moore, aproveitou seu primeiro discurso público para alertar sobre o aumento da ameaça à segurança de dados vinda de países rivais. Pela análise do Sr. Moore, o Reino Unido estaria facilitando as coisas para governos hostis, travando uma guerra contra nossa segurança pessoal e nacional.
O governo do Reino Unido deve reavaliar sua decisão de iniciar uma guerra contra uma tecnologia que é essencial para tantas pessoas no Reino Unido e pelo mundo afora.
Organizações Signatárias
- Access Now
- ACLAC (Latin American and Caribbean Encryption Coalition)
- Adam Smith Institute
- Africa Media and Information Technology Initiative (AfriMITI)
- Alec Muffett, Security Researcher
- Annie Machon
- ARTICLE19
- Big Brother Watch
- Centre for Democracy and Technology
- Christopher Parsons, Senior Research Associate, Citizen Lab, Munk School of Global Affairs & Policy at the University of Toronto
- Collaboration on International ICT Policy for East and Southern Africa (CIPESA)
- Cybersecurity Advisors Network (CyAN)
- Dave Carollo, Product Manager, TunnelBear LLC
- Derechos Digitales – Latin America
- Digital Rights Watch
- Dr. Duncan Campbell
- Electronic Frontier Foundation
- Faud Khan, CEO, TwelveDot Incorporated
- Fundación Karisma
- Global Partners Digital
- Glyn Moody
- Index on Censorship
- Instituto de Desarrollo Digital de América Latina y el Caribe (IDDLAC)
- Internet Society
- Internet Society Brazil Chapter
- Internet Society Catalonia Chapter
- Internet Society Germany Chapter
- Internet Society India Hyderabad
- Internet Society Portugal Chapter
- Internet Society Tchad Chapter
- Internet Society UK England Chapter
- Internet Freedom Foundation, India
- JCA-NET (Japan)
- Jens Finkhaeuser, Interpeer Project
- Prof. Dr. Kai Rannenberg, Goethe University Frankfurt, Chair of Mobile Business & Multilateral Security
- Kapil Goyal, Faculty Member, DAV College Amritsar
- Khalid Durrani, PureVPN
- Prof. Dr. Klaus-Peter Löhr, Freie Universität Berlin
- LGBT Technology Partnership
- Liberty
- Luke Robert Mason
- Mark A. Lane, Cryptologist, UNIX / Software Engineer
- OpenMedia
- Open Rights Group
- Open Technology Institute
- Peter Tatchell Foundation
- Privacy & Access Council of Canada
- Ranking Digital Rights
- Reporters Without Borders
- Riana Pfefferkorn, Research Scholar, Stanford Internet Observatory
- Simply Secure
- Sofía Celi, Latin American Cryptographers.
- Dr. Sven Herpig, Director for International Cybersecurity Policy, Stiftung Neue Verantwortung
- Tech For Good Asia
- The Law and Technology Research Institute of Recife (IP.rec)
- The Tor Project
- Dr. Vanessa Teague, Australian National University
- Yassmin Abdel-Magied
* Afiliações listadas apenas para fins de identificação