10 Fevereiro 2022

Especialistas contestam a campanha anti criptografia do governo britânico

A versão original foi publicada no site do Open Rights Group.

O Ministério do Interior do Reino Unido planeja forçar as empresas de tecnologia a remover as medidas de privacidade e segurança de serviços criptografados, como WhatsApp e Signal, como parte de sua Lei de Segurança Online (“Online Safety Bill”). Pior ainda, o Ministério do governo britânico lançou uma campanha alarmista desperdiçando centenas de milhares de libras com uma agência de publicidade de Londres para minar a confiança do público em uma ferramenta crítica de segurança digital para manter pessoas e empresas seguras no ambiente online.

Minar a criptografia tornaria nossas comunicações privadas inseguras, permitindo que terceiros e governos interceptassem conversas. Minar a criptografia colocaria em risco a segurança daqueles que mais precisam. Sobreviventes de abuso ou violência doméstica, incluindo crianças, precisam de comunicações seguras e confidenciais para falar com seus entes queridos e acessar as informações e o apoio de que precisam. Como Stephen Bonner, diretor executivo de tecnologia e inovação do Gabinete da Autoridade de Proteção de Dados do Reino Unido, ressaltou recentemente que a criptografia de ponta a ponta “fortalece a segurança online das crianças ao não permitir que criminosos e abusadores enviem conteúdo prejudicial ou acessem suas fotos ou localização”. 

Safe Escape e LGBT Tech – duas organizações que representam e protegem grupos vulneráveis ​​– enfatizam a importância vital das comunicações criptografadas vítimas de abuso doméstico e para pessoas LGBTQIAP+ em países onde enfrentam assédio, vitimização e até mesmo ameaças de morte. Longe de torná-los mais seguros, negar às pessoas em risco um espaço de comunicação confidencial as coloca em um risco ainda maior e às vezes mortal.

As políticas anti criptografia ameaçam o direito humano fundamental à liberdade de expressão. O comprometimento da criptografia prejudicaria o jornalismo investigativo que expõe a corrupção e a criminalidade. De acordo com o Centro de Jornalismo Investigativo, sem um meio de comunicação seguro, as fontes ficariam desprotegidas e as vítimas hesitariam em denunciar. 

Ao contrário do que o Ministério do Interior afirma, os principais especialistas em cibersegurança concluem que mesmo a verificação de mensagens “cria sérios riscos de segurança e à privacidade para toda a sociedade, enquanto o auxílio que pode fornecer à aplicação da lei é, na melhor das hipóteses, problemática”. Os backdoors criam um ponto de entrada para que Estados, criminosos e terroristas tenham acesso a informações altamente confidenciais. O enfraquecimento da criptografia afeta negativamente a Internet global e significa que nossas mensagens privadas, informações bancárias confidenciais, fotografias pessoais e privacidade seriam prejudicadas. O chefe do MI6, Richard Moore, aproveitou seu primeiro discurso público para alertar sobre o aumento da ameaça à segurança de dados vinda de países rivais. Pela análise do Sr. Moore, o Reino Unido estaria facilitando as coisas para governos hostis, travando uma guerra contra nossa segurança pessoal e nacional.

O governo do Reino Unido deve reavaliar sua decisão de iniciar uma guerra contra uma tecnologia que é essencial para tantas pessoas no Reino Unido e pelo mundo afora.



Organizações Signatárias

  1. Access Now
  2. ACLAC (Latin American and Caribbean Encryption Coalition)
  3. Adam Smith Institute
  4. Africa Media and Information Technology Initiative (AfriMITI)
  5. Alec Muffett, Security Researcher
  6. Annie Machon
  7. ARTICLE19
  8. Big Brother Watch
  9. Centre for Democracy and Technology
  10. Christopher Parsons, Senior Research Associate, Citizen Lab, Munk School of Global Affairs & Policy at the University of Toronto
  11. Collaboration on International ICT Policy for East and Southern Africa (CIPESA)
  12. Cybersecurity Advisors Network (CyAN)
  13. Dave Carollo, Product Manager, TunnelBear LLC
  14. Derechos Digitales – Latin America
  15. Digital Rights Watch
  16. Dr. Duncan Campbell
  17. Electronic Frontier Foundation
  18. Faud Khan, CEO, TwelveDot Incorporated
  19. Fundación Karisma
  20. Global Partners Digital
  21. Glyn Moody
  22. Index on Censorship
  23. Instituto de Desarrollo Digital de América Latina y el Caribe (IDDLAC)
  24. Internet Society
  25. Internet Society Brazil Chapter
  26. Internet Society Catalonia Chapter
  27. Internet Society Germany Chapter
  28. Internet Society India Hyderabad
  29. Internet Society Portugal Chapter
  30. Internet Society Tchad Chapter
  31. Internet Society UK England Chapter
  32. Internet Freedom Foundation, India
  33. JCA-NET (Japan)
  34. Jens Finkhaeuser, Interpeer Project
  35. Prof. Dr. Kai Rannenberg, Goethe University Frankfurt, Chair of Mobile Business & Multilateral Security
  36. Kapil Goyal, Faculty Member, DAV College Amritsar
  37. Khalid Durrani, PureVPN
  38. Prof. Dr. Klaus-Peter Löhr, Freie Universität Berlin
  39. LGBT Technology Partnership
  40. Liberty
  41. Luke Robert Mason
  42. Mark A. Lane, Cryptologist, UNIX / Software Engineer
  43. OpenMedia
  44. Open Rights Group
  45. Open Technology Institute
  46. Peter Tatchell Foundation
  47. Privacy & Access Council of Canada
  48. Ranking Digital Rights
  49. Reporters Without Borders
  50. Riana Pfefferkorn, Research Scholar, Stanford Internet Observatory
  51. Simply Secure
  52. Sofía Celi, Latin American Cryptographers.
  53. Dr. Sven Herpig, Director for International Cybersecurity Policy, Stiftung Neue Verantwortung
  54. Tech For Good Asia
  55. The Law and Technology Research Institute of Recife (IP.rec)
  56. The Tor Project
  57. Dr. Vanessa Teague, Australian National University
  58. Yassmin Abdel-Magied

* Afiliações listadas apenas para fins de identificação